Cientistas acabaram de corrigir a visão do telescópio Webb a um milhão de milhas de distância. Mas como se repara um telescópio espacial de 10 bilhões de dólares estacionado a um milhão de milhas (1,5 milhão de km) da Terra? Você o deixa intocado; em vez disso, restaura sua visão com software, luz e um componente metálico de precisão do tamanho de uma moeda. O Telescópio Espacial James Webb da NASA, lançado em 2021, possui a ótica mais sofisticada já enviada ao espaço. No entanto, até mesmo seus espelhos—afiados para uma precisão quase perfeita—exigiam calibração ultra-precisa. Para alcançar isso, os engenheiros integraram um instrumento compacto fabricado na Austrália chamado AMI (interferômetro de mascaramento de abertura) em uma de suas ferramentas. O papel do AMI é expor pequenas aberrações filtrando a luz das estrelas através de uma matriz padronizada de aberturas. Ele não altera o hardware—mapeia distorções de imagem na escala de pixels. Seus achados foram surpreendentes: um borrão eletrônico dos detectores infravermelhos, onde pixels brilhantes vazavam para os adjacentes escuros. O efeito era sutil, mas suficiente para obscurecer planetas distantes e difundir os fluxos de buracos negros. Os pesquisadores responderam desenvolvendo um modelo. Uma equipe australiana aproveitou o AMI para imitar a propagação da luz dentro do Webb e treinou um sistema de aprendizado de máquina para inverter a distorção. A solução refinou os próprios dados. O resultado? Objetos celestiais antes perdidos na névoa agora se destacam nitidamente. Um exoplaneta familiar e uma anã marrom reapareceram. A lua de Júpiter, Io, foi resolvida com clareza. Um jato de buraco negro ganhou definição nítida. Poeira cercando estrelas remotas se resolveu em elegantes correntes.